Superar limites. Esse é o desafio final de todos os atletas, principalmente, diante de grandes competições, mas para trilhar esse caminho muitos ganham uma companheira indesejada: a dor crônica.
“A rotina de treinos, com movimentos extremamente repetitivos de quem busca a perfeição, o esforço crescente, mesmo com muita supervisão, nem sempre dá margem para que uma dor eventual vá embora rapidamente, mesmo depois da causa ter sido resolvida”, resume Dr. Adriano Scaff, neurocirurgião que trabalha com medicina da dor. “A dor persistente pode ser efeito da memória cerebral. Durante muito tempo o cérebro recebeu o impulso de dor daquela região e aprendeu a associar aquele movimento à dor. Para os esportistas, essa memória é ainda mais evidente. Muitas vezes a lesão não existe mais, mas a dor continua e, como vemos, não é manha do atleta. Precisa investigar esse caminho, do local da lesão antiga ao cérebro. E, em muitos casos, agir, com métodos minimamente invasivos, para bloquear a dor”, completa.
Para não chegar nesse estágio, “é preciso que essa pesquisa neurológica seja cogitada, assim que a equipe médica percebe que o corpo do atleta pode ter desenvolvido esse mecanismo. Como a linha entre a dor do treinamento (necessária para as adaptações fisiológicas) e a dor da lesão é tênue, a atenção plena é fundamental. A resistência mental à dor, conceito abordado por vários estudiosos, é outro processo neurológico importante. “O sistema modulador ascendente, um dos responsáveis pelo transporte da informação freia a informação antes de chegar ao cérebro. Trabalha junto com ele o sistema modulador descendente – que controla a dor no sentido contrário.”
Outro tipo de dor extremamente comum entre os atletas é a miofascial. Essa é fácil de reconhecer: é como se formasse um nódulo muscular que causa contração no músculo e impacta uma área mais ampla. Essa dor pode aparecer exatamente diante de um dos fatores quase inevitáveis: o nervosismo. “Nesses casos, a fisoterapia costuma ser bem eficiente, mas nem sempre o resultado é imediato”, conta Dr. Adriano.