Nova abordagem une a nutrição e a psicoterapia à fisioterapia e à neurocirurgia. Pesquisa, em Ribeirão preto, com 600 pacientes, acompanhados durante um ano e meio, mostra que apenas 4% dos pacientes tiveram que se submeter a cirurgia. O método pode ser replicado com facilidade. Como essa integração entre profissionais, com diagnóstico conjunto, colabora para o restabelecimento do paciente?
ALIMENTAÇÃO
“ No caso da alimentação, os pacientes passam por uma avaliação nutricional que, em muitos casos, detectou deficiências que podem refletir nos problemas de coluna. A falta de proteínas foi uma das descobertas do estudo. Outra reorientação que auxilia é a substituição de alimentos que agem negativamente sobre as áreas inflamadas por alimentos anti-inflamatórios que podem auxiliar no alívio de sintomas. Com esse realinhamento feito, já temos um ganho de bem-estar que colabora com o resto do tratamento. Inclusive, há casos em que diminuição do sobrepeso também foi fator de destaque”, explica Dr Adriano Scaff.
PSICOTERAPIA
Toda alteração no corpo é imediatamente registrada pelo cérebro. Fisicamente, os nervos de determinadas estruturas da coluna cervical, nas articulações, fazem conexão com os do cérebro e qualquer alteração pode mexer com os dois de uma vez. Psicologicamente: “O estresse e a depressão agem fortemente porque acendem os mecanismos de defesa que alteram a química cerebral para que se proteja de agressões. Esse efeito, se prolongado, é o mesmo de uma agressão física ou de uma dor constante.”
Por isso, a psicoterapia, muitas vezes, é indicada. “Nosso estudo comprovou o que outros – feitos recentemente no exterior apontavam: as sessões de terapia podem encurtar períodos de tratamento de dores lombares crônicas, por exemplo, quando esses fatores estão presentes”, detalha Scaff.
Para saber mais sobre a pesquisa feita no exterior:
http://www.medicalnewstoday.com/releases/295518.php
AGRESSÃO PROLONGADA
Em dados nacionais, em média os brasileiros demoram oito anos para procurar auxílio para dores que começam aparecendo de vez em quando e com o passar do tempo, se repetem e vão se tornando crônicas.
Na pesquisa feita em Ribeirão, em média, os pacientes passaram 10% do seu tempo de vida com dor. 55% deles são mulheres. As profissões deles: advogados, bancários, comerciantes e empresários, com idade entre 14 e 91 anos.
Um problema se torna crônico quando: “o cérebro se habitua a sentir essa dor por muito tempo. E com esse hábito continua a mandar os mesmos impulsos, mesmo depois de resolvido o problema. Por isso, em muitos casos em que persiste, precisamos investigar também esse caminho e, se necessário, neutralizar esse mecanismo”, explica Scaff.
EXERCÍCIOS FÍSICOS E FISIOTERAPIA
Cada paciente foi submetido a teste, feito por equipe de fisioterapeutas, para identificar o tipo de exercício de fortalecimento mais indicado. ” É muito comum a indicação de RPG, Pilates, fisioterapia, mas, às vezes, o Pilates, por exemplo, funciona bem para um paciente e não faz tão bem para outro,”lembra Scaff. “ Conseguimos mapear antes do que tem mais potencial de sucesso.”
Esse trabalho também tem um desafio: 61% dos pacientes pesquisados acreditavam que não deveriam se movimentar muito ou se exercitar porque isso causaria mais dor. O médico alerta: ” A terapia multidisciplinar mostra justamente o contrário. A movimentação é que ajuda a tratar a dor. Isso é comprovado cientificamente. Salvo em casos de dor aguda onde é necessário fazer um repouso. Mas pacientes têm tendência a achar que o problema é mais grave do que pode ser e por medo acaba autolimitando os movimentos, o que dificulta a recuperação.”
Nesse item, uma contradição: “o medo é menos presente no ambiente de trabalho. Causa apontada? Receio de chatear o chefe e até perder o emprego.”
RESULTADOS
Na conclusão da equipe de pesquisadores, no geral, com exceções, não há como separar os aspectos psicológicos do físico e o tratamento multidisciplinar restabelece mais rapidamente a qualidade de vida. Essa abordagem é simples e pode ser replicada em clínicas públicas e particulares por todo país, sem grandes investimentos. Para isso, basta a reorganização de profissionais para um atendimento integrado.