No outono e inverno, os consultórios em que se pratica medicina da dor recebem pacientes com uma característica em comum: são portadores de artrite ou fibromialgia, em crise, por conta do frio e umidade. São dois milhões de brasileiros com a doença – mais que a população de Belo Horizonte.
“ No frio, são feitos muitos diagnósticos. Como as pessoas esperam muito para procurar ajuda, quando há um fator que intensifica acaba dando aquele empurrão que faltava para buscar ajuda para um problema que não se manifesta só nessas condições, mas que vinha sendo sublimado”, explica Dr Adriano Scaff, neurocirurgião, coordenador do projeto Melhor Sem Dor, que tem o apoio da Sociedade de Medicina Intervencionista em Dor.
Mesmo com diagnósticos feitos antes dos 40 anos de idade, de acordo com uma pesquisa feita pela Pfizer, quase metade dos pacientes (46%) evita fazer muitas perguntas ao médico porque teme ser visto como um paciente “difícil” e comprometer a qualidade do tratamento. Além disso, 8 em cada 10 não se mostram confortáveis em expor seus receios e preocupações aos seus médicos.
Resultados de pesquisas mostraram que a dor é maior quando a temperatura ambiente está mais baixa. O aumento da pressão atmosférica (como acontece antes de chover) foi associada a maior dor em pacientes com artrite reumatóide, e a umidade do ar a dor em pacientes com osteoartrite. As dores reumáticas parecem estar associadas com estas condições de temperatura e pressão, e o grau de influência parece estar ligado à sensibilidade individual ao frio e à doença subjacente.
O que fazer para tentar prevenir uma crise?
1. Não espere a crise ficar intensa: comece a agir nos primeiros sinais.
2. Cuide bem do ambiente que passa a maior parte do seu dia: vede as entradas de ar para que o vento gelado não passe. Aproveite quando não estiver no ambiente para abrir e deixar o ar circular – importante para não pegar um vírus de gripe, por exemplo.
3. Use aquecedores. Você pode aproveitar um pouco antes de ir dormir e já aquecer o quarto.
4. Durma bem agasalhado. As extremidades são especialmente sensíveis: pés, mãos e a cabeça – um gorro pode ajudar a evitar as dores na cabeça, por exemplo. E as costas: nunca deixe descoberta.
5. Banhos quentes ajudam muito, assim como escalda-pés.
6. Evite a automedicação ou medicação em excesso.
Na pesquisa da Nielsen, 35% dos 324 brasileiros ouvidos disseram que a doença abalou sua vida profissional, obrigando 14% deles a se aposentar. Outros 17% pediram demissão, uma taxa superior à média global dos países envolvidos na pesquisa, que foi de 10%. Além disso, 16% tiveram de trocar de trabalho, porcentual também superior à média geral dos países, de 10%. A presença de comorbidades é comum no paciente com artrite reumatoide. Na pesquisa, 26% dos brasileiros disseram ter outra doença inflamatória, 22% apresentavam distúrbios cardíacos e outros 22% eram diabéticos. Além disso, a enfermidade levou 44% dos brasileiros a ter ansiedade e outros 33% a sofrer de depressão. Assim, só 43% do público pesquisado tem um estado de saúde considerado excelente ou bom.