Cerca de 30 milhões de pessoas sofrem com dores de cabeça no Brasil, dado do departamento de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia. De acordo com as estatísticas, 93% da população em geral já teve dor de cabeça em alguma época da vida, sendo que 31% precisaria de tratamento médico adequado em razão da incapacidade funcional que as crises causam. Mas você sabia que 30% delas podem estar sendo causadas por problemas na coluna cervical?
“Quem não tem às vezes uma dor na região do pescoço que irradia para a nuca e para a cabeça? É porque os nervos de determinadas estruturas da coluna cervical, nas articulações, fazem conexão com os do cérebro e qualquer alteração pode mexer com os dois de uma vez. Ou seja, o resultado pode ser não somente a dor na coluna, mas também a dor de cabeça,” afirma Dr. Adriano Scaff, neurocirurgião especialista em coluna.
Quando insistimos em algumas posturas, até sem perceber, como dormir com travesseiro muito baixo ou muito alto, conversar com uma pessoa do seu lado, virando o pescoço por muito tempo, fazendo a leitura de um livro ou mesmo utilizando um smartfone com o pescoço abaixado, sobrecarregamos as juntas da coluna e assim, desencadeamos um episódio de dor ou de piora da dor.
O interessante é que existem muitos tipos de dores de cabeça. “Esta, especificamente, tem o nome de Cefaléia Cervicogênica, isto é, tem como fonte de dor a coluna cervical. São muitas vezes tratadas como enxaqueca, e, por isso, podem não ter uma melhora importante e pode ficar crônicas”, diz.
COMO COMEÇA?
Estudos comprovam que este tipo de dor é geralmente iniciado com um desconforto na região cervical (pescoço), com irradiação para a região da nuca, dos trapézios e da lateral da cabeça.
“Muitos pacientes reclamam de tensão nos trapézios, pressão na nuca, formigamentos no couro cabeludo e a dor irradiada muitas vezes para os ombros e braços. Regularmente, as pessoas também reclamam de “nódulos” ou contraturas musculares nos trapézios, que chegam a queimar e melhoram com uma massagem, porém, em pouco tempo, elas voltam.”
COMO IDENTIFICAR?
“Existe um “subdiagnóstico” desta doença. Por quê? Porque a maioria das dores de cabeça são tratadas como enxaqueca, e as dores do trapézio como dores tensionais. Nesta doença (Cefaléia Cervicogênica), diferente da enxaqueca, a pessoa não tem náuseas (enjoo), não tem aversão a luz ( fotofobia ) e não tem sintomas de dor por hérnia de disco. A recomendação é: se os sintomas permanecerem por mais de 10 dias, o médico deve ser procurado. O diagnÓstico é clínico, porém, uma ressonância magnética do encéfalo e da coluna devem ser feitos para descartar outras doenças”, afirma.
COMO TRATAR?
“A indicação é: inicialmente deve-se fazer um fortalecimento da musculatura cervical, de forma adequada e individualizada para cada pessoa. Outro tratamento simultâneo, se a doença for crônica, é a rizotomia facetária, isto é, um tratamento por RADIOFREQUENCIA, onde fazemos uma ‘cauterização’ dos nervos que inervam as juntas, através de uma pequena agulha e anestesia local. O procedimento é ambulatorial e dura cerca de 20 minutos”.
Outro fator muito importante a ser levado em consideração no paciente é o seu estado emocional. “A correção dos fatores emocionais, como ansiedade, depressão e stress, associados a uma correção alimentar, quando necessários, também devem acontecer para efetivar a solução do problema”.