Vive com pressa? E vive com uma dorzinha aqui outra ali, dia sim, dia não? Sim, uma coisa pode ter a ver com a outra. Vamos explicar como acontece e como, com poucas mudanças na rotina, você pode mudar esse processo e evitar as dores crônicas e outros efeitos do corre-corre.
“Quando nos vemos diante de um evento estressante, como uma mudança de trabalho, uma doença de parente ou uma viagem cansativa, é mais fácil perceber como o corpo sente. Mas, fatores que enfrentamos automaticamente todos os dias também influenciam”, explica Dr. Adriano Scaff, professor de pós-graduação em medicina da Dor no Einstein”. Vivemos com pressa e esse corre-corre tem um preço. Ficamos tensos para acordar na hora, chegar ao trabalho na hora, entregar o trabalho a tempo e assim por diante. Essa atenção constante age no organismo de diferentes maneiras. Uma delas é ativando o Sistema de defesa”.
Entre as muitas reações, os músculos se tensionam, a transpiração aumenta, os vasos se contraem”. Se esse estresse vira continuado as consequências possíveis se multiplicam. Entre eles, a fadiga e, com ela, possivelmente o surgimento de dores e a cronificação, com o passar do tempo. Outro efeito é sobre a atenção. Quem não se pegou mais distraído por conta da pressa? E com a distração surgem queda, mal jeito…”
Pequenas mudanças no dia-a-dia podem evitar que a pressa aja sobre o organismo. Mas é preciso se conscientizar já nas primeiras reações do corpo. Se desconfortos como dores na coluna, na cervical, dor de cabeça, já estão mais frequentes, o que fazer? Esse passo-a-passo é fundamental para a qualidade de vida.
O que acontece quando você vive com pressa?
A pressa aciona o sistema nervoso simpático para que o corpo possa responder aos estímulos mais rapidamente. Para o cérebro, esse é o mesmo mecanismo que acionamos involuntariamente quando estamos em uma situação de perigo. Prepara o corpo para fugir ou lutar, liberando cortisol e adrenalina pelas suprarrenais. São elas que aceleram batimentos cardíacos e respiração, aumentam a pressão arterial e os músculos se contraem. Veja bem: essa é uma reação que deveria ser passageira, mas que estamos tornando corriqueira… E essa sobrecarga tem consequências que podem ser passageiras ou podem cronificar se continuarmos com esse mecanismo ativo por muito tempo.
Esse excesso de hormônios acaba sendo tóxico. O cortisol, por exemplo, faz com que armazenemos triglicérides – gordura que altera a insulina e essa resistência pode levar ao diabetes. Você viu quantas pessoas têm diabetes no mundo? E quantas vivem apressadamente?
O mecanismo ainda diminui a função dos leucócitos – células de defesa – podendo deixar a porta mais aberta para vírus e bactérias.
Mais reflexos de não frear? Disfunções da tireoide, que podem causar variações de peso, problemas de pele, dimuição do desempenho cognitivo, desatenção, por exemplo, e problemas gastrointestinais. E ainda ossos mais fracos e rigidez muscular. A dor nas costas mais comum, chamada de miofascial, é muito comum em quem vive com a agenda lotada. Ou você nunca esbarrou com alguém que está se queixando de ter um nó muscular em uma área que acumulou tensão?
Qual o perigo? Se por longo prazo, o cérebro se acostuma a receber esses impulsos e, mesmo que o problema já tenha sido resolvido, a dor persiste. Aí, é preciso fazer um tratamento para desacostumar o cérebro da dor.
A liberação repetida dos hormônios do estresse inibem a liberação de seretonina, substância que ativa os sentimentos de bem-estar.
Outros efeitos que podem estar associados: maior risco de derrame, dor de cabeça, insônia, diminuição desejo sexual e até impotência temporária, mais sensibilidade à tensão pré-menstrual.
Dicas para amenizar: diminua a ingestão de alimentos que excitam, como o café e o chocolate. Reserve um tempo todo dia para fazer uma atividade prazerosa, sem celular na mão, sem redes sociais conectadas. Planeje seu dia com intervalos maiores entre as atividades. Se tiver a oportunidade, tire uma soneca de 20 minutos,ou simplesmente relaxe o corpo, no meio do dia.