A dor crônica é aquela que permanece por um período superior a três meses e normalmente é um processo que pode ser iniciado há muito tempo com exercício mal feito, pegar um peso de maneira errada, não ter uma boa postura no trabalho ou sofrer um trauma.
Sentir dor não é algo agradável, mas, sua importância é inquestionável porque é uma forma do nosso corpo avisar que algo indesejado está acontecendo: ele percebe que ocorreu algum dano e provoca uma reação para evitar que mais danos aconteçam.
A dor desaparece logo que o tecido machucado se recupera, geralmente em algumas semanas. Mas o que acontece quando a dor permanece por mais tempo? Leia o artigo até o fim e entenda melhor sobre a dor crônica.
Como funciona o sistema de dor
Vamos imaginar que temos uma casa e que nela tem um alarme. Então, nós temos os sensores nas portas, nas janelas da casa e lá dentro da casa temos a central de funcionamento.
Uma pessoa tenta invadir a casa, abre a porta ou a janela e de repente o alarme dispara.
Podemos usar essa situação para fazer uma analogia com o funcionamento do nosso organismo. Essa central de alarme é o nosso centro da dor que está no cérebro e nos protege. Já as janelas e portas cheias de sensores são os nossos órgãos: os olhos, a boca, o intestino, o estômago e a coluna.
Quando uma pessoa tem dor nas costas, esses sensores estão enviando lá para o centro da dor uma mensagem de que tem um problema ali. Teoricamente, a porta está aberta e tem alguém tentando invadir.
Esse processo acontece de forma natural quando, por exemplo, temos uma hérnia de disco sintomática, uma lesão nos nervos ou qualquer outro problema na coluna. No entanto, se esse sistema está com algum problema, a dor pode permanecer por mais tempo do que o normal.
O que pode ser considerada dor crônica?
O esperado é que todo o tecido lesionado do corpo humano cicatrize em um período de, no máximo, três meses. Por exemplo, uma pessoa machucou o braço e ele incha, fica roxo e muito dolorido. Mas, depois de uma semana, 10 ou 15 dias, o machucado já cicatrizou e tudo se resolveu naquela região do braço.
Na coluna, acontece da mesma maneira. Se o sistema de dor estiver funcionando normalmente, a pessoa com dor nas costas sentiria uma melhora em um período de 10 a 15 dias.
Mas, se a pessoa sente dores há mais de três meses, pode não ser mais um problema apenas do funcionamento da coluna, mas sim do sistema de proteção, da central da dor que fica no cérebro. Nesse caso, o paciente pode ser diagnosticado com dor crônica.
O que pode sensibilizar o sistema da dor?
Muitas vezes, o centro da dor é sensibilizado por alguns fatores. Os principais são:
- Genética: algumas pessoas têm mais tendência a sentir dores;
- Sedentarismo: a falta de movimentação envia sinais de alerta para o cérebro, gerando dor;
- Postura: pessoas que ficam muito tempo em posturas viciosas tendem a apresentar quadros crônicos de dor;
- Padrão de sono: quando a pessoa não dorme direito, o cérebro não descansa, sensibilizando o sistema de dor;
- Emocional: os nossos sentimentos podem enviar sinais de proteção ao sistema de dor;
- Estilo de vida da pessoa: má alimentação, ingestão de bebida alcoólica e tabagismo.
Se a pessoa tem esse centro da dor mais sensível, quando chega a dor na coluna, ele começa a entender de forma errada e perpetuar esse sinal de dor. É quando o paciente diz “eu trato e não melhoro”.
Então, o tratamento para a dor crônica deve ser feito com o objetivo de tratar o local, seja um bloqueio da dor, uma fisioterapia, uma cirurgia ou um remédio que precisa vir acompanhado também do tratamento da dor corporal.
Ou seja, tratar o que está errado: sedentarismo, postura errada, problemas emocionais, má alimentação e padrão de sono desregulado. Só assim o cérebro vai entender que está tudo bem com o corpo da pessoa e desligar o sinal da dor.
Conclusão
O sistema de dor funciona como um alarme de que algo em nosso corpo não está bem e que precisa de cuidados. Esse sinal de alerta deve ser desativado logo após a cicatrização da lesão, que normalmente acontece em poucas semanas.
Mas, caso a dor persista por mais de três meses, pode ser caracterizada como dor crônica. Nesse caso, o tratamento precisa ser feito não apenas no local da dor, mas também nos fatores que estão cronificando essa dor.